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lobo à espreita

Estou tentando encontrar as palavras Mas as palavras se foram No momento em que ouvi a porta batendo E o choro sendo interrompido por gritos Nesse momento as palavras se foram Um mundo de poesia, encantos e certa magia Mas tudo se foi e sinto que está enterrado Meramente porque era difícil lidar Com todos aqueles sentimentos Da criança que um dia eu fui Aqueles foram os momentos Três décadas a completar Muito tempo passado Mas pouca história pra contar Medo daquilo que não consigo explicar De memórias que insisto em enterrar Mas que surgem em noites assim E eu simplesmente não sei como lidar Ela não lembra do que aconteceu Dos episódios de lágrimas e raiva Talvez em mim tudo se escondeu E de vez em quando, no meu silêncio Essa voz ainda gritava Será que algum dia isso será passado? Porque o passado sempre foi tão presente pra mim Gostaria que tudo estivesse de fato enterrado Morto, silencioso, sem poder até o fim

a porta

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     Você é perigosa como ninguém mais em minha vida. As vezes se anuncia, faz um escarcéu, planta o caos em minha mente. Noutras, chega silenciosa e sorrateira, e, quando me dou conta, já não acompanho meus pensamentos e muito menos minha própria respiração. Apesar disso, hoje tenho mais facilidade em te identificar. Aprendi a ouvir melhor o meu corpo e a enxergar de mais longe as red flags. Você não vai me colocar de joelhos novamente, pelo menos não enquanto o controle da minha própria instabilidade estiver em minhas mãos.       Eu sei que você gosta que eu pense bastante, pondere tudo e todos, analise toda a minha vida e encontre cada erro no meio do caminho. Eu sei bem o quanto isso é porta aberta pra você. Mas eu não vou deixar. Você pode bater, colocar os pés pra dentro, forçar as dobradiças e me sussurrar todas as minhas falhas e fraquezas.       Vai, tenta. Meu estômago reclama, minha respiração perde o ritmo e meus pensamentos voam soltos. A produtividade vai pro quinto dos i

hurted by a thousand cuts

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As vezes eu queria poder sumir do mundo. Nada definitivo, nada verdadeiramente drástico. Queria apenas estar longe de todas as preocupações e raivas alheias, culpas e ressentimentos. Queria poder estar apenas em minha própria companhia e me ouvir como nunca antes consegui. Dizem que palavras as vezes podem ser afiadas. De fato, possuo em mim vários cortes, arranhões e hematomas que muito frequentemente escuto "não terem sido intencionais".  Como vou tratar em mim aquilo que me adoece e me torna uma versão piorada de mim mesma se preciso estar sempre alerta aos sinais das guerras diárias no lugar que deveria ser um porto seguro, um lugar cujas bandeiras brancas eu deveria ver de muito longe? Pelo contrário... Tenho sentido que me encontro em meio ao fogo cruzado, com algumas folgas e momentos de trégua, mas que logo não interrompidos por mais sons de armamento pesado. Sumir em mim, viajar em minha própria mente, desassociar...